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A História Completa da Música Axé em Salvador, Bahia

O axé music, um gênero musical que pulsa com a energia contagiante de Salvador, Bahia, é muito mais do que apenas um ritmo; é a expressão máxima da alma vibrante e da rica diversidade cultural da capital baiana. Nascido nas décadas de 1970 e 1980, o axé é o resultado de uma alquimia sonora única, uma fusão poderosa de ritmos ancestrais afro-brasileiros com influências globais, que o consagraram como um dos maiores símbolos da identidade baiana e brasileira.

As Raízes Profundas do Axé Music em Salvador

Para compreender a história completa da música axé em Salvador, Bahia, é fundamental voltar às suas origens. A cidade, com seu legado afro-brasileiro profundo e sua atmosfera de festa constante, especialmente durante o Carnaval, foi o berço ideal para o surgimento desse fenômeno musical. Antes mesmo de ser batizado de “axé”, a música que embalava os trios elétricos já era uma potência, misturando o samba de roda, o ijexá (ritmo sagrado associado aos orixás), o frevo, o reggae e outras sonoridades que ecoavam pelas ruas de Salvador.

A década de 1970 já presenciava uma efervescência cultural que preparava o terreno. Blocos afro como o Ilê Aiyê e o Filhos de Gandhy já exploravam a força da percussão afro-brasileira e a religiosidade, influenciando diretamente o que viria a ser o axé. Essa base rítmica e cultural foi essencial para a construção de um gênero que se tornaria um dos pilares da música brasileira.

O Marco Inovador: Luiz Caldas e “Fricote”

A verdadeira revolução sonora, no entanto, teve um nome e um marco definidores: Luiz Caldas. Em 1985, com o lançamento do hit “Fricote”, Caldas apresentou ao Brasil uma nova sonoridade. Ele ousou misturar a percussão afro-brasileira, já forte na Bahia, com batidas eletrônicas e elementos da guitarra elétrica. Essa fusão inovadora não apenas conquistou o público, mas também estabeleceu as bases rítmicas e estéticas do que viria a ser conhecido como axé music.

A música “Fricote” não foi apenas um sucesso; foi um divisor de águas. Ela abriu as portas para uma nova forma de fazer música na Bahia, inspirando uma geração de artistas a experimentar e a explorar novas possibilidades sonoras. A partir daí, o axé music começou a ganhar corpo e identidade próprios, projetando Salvador no cenário musical nacional.

A Década de Ouro: A Consolidação do Axé nos Anos 80

A década de 1980 foi um período crucial para a consolidação do axé music. A cena musical de Salvador fervilhava com novos talentos e propostas. Artistas e grupos como Luiz Internacional, Chiclete com Banana, Banda Eva e o emblemático Olodum desempenharam papéis fundamentais na moldagem e popularização do gênero. Cada um, à sua maneira, contribuiu para a riqueza e diversidade do axé.

O Olodum, em particular, merece destaque especial. Com sua forte identidade afro-brasileira e a poderosa percussão do ijexá, o grupo não só influenciou o axé com seus ritmos ancestrais, mas também trouxe uma mensagem de valorização da cultura negra e de conscientização social. Sua participação em produções internacionais, como o álbum “The Rhythm of the Saints” de Paul Simon, ampliou a visibilidade da música baiana no mundo.

Outros grupos, como o Chiclete com Banana, trouxeram uma pegada mais rock’n’roll e irreverente, enquanto a Banda Eva, com sua formação inicial e, posteriormente, com a ascensão de Ivete Sangalo e depois Emanuelle Araújo e outros nomes, consolidou um estilo mais pop e dançante. Essa diversidade dentro do próprio axé foi um dos fatores de seu sucesso avassalador.

A Explosão Nacional: Os Anos 90 e o Auge do Axé

Os anos 1990 marcaram a era de ouro do axé music, com uma explosão de popularidade em todo o Brasil. O gênero deixou de ser um fenômeno regional para se tornar um dos ritmos mais ouvidos e celebrados do país. Artistas como Daniela Mercury, Ivete Sangalo, Claudia Leitte, Xuxa (em sua fase na Banda Eva), Netinho, André Lelis e muitos outros emergiram como verdadeiros ícones nacionais.

Os trios elétricos de Salvador, que já eram uma tradição, transformaram-se em verdadeiros espetáculos grandiosos. Eles não apenas arrastavam multidões nas ruas da capital baiana, mas também se tornaram plataformas de lançamento para canções que dominavam as paradas de sucesso em todo o país. A energia contagiante do axé, com suas batidas envolventes e letras que celebravam a felicidade, o amor, a vida e a identidade baiana, conectava-se profundamente com o público.

Daniela Mercury, com sua voz potente e presença de palco magnética, foi uma das primeiras a alcançar o estrelato nacional e internacional, abrindo portas para muitas outras artistas. Ivete Sangalo, após sua passagem pela Banda Eva, iniciou uma carreira solo meteórica, tornando-se uma das maiores artistas do Brasil. Claudia Leitte também consolidou seu nome como uma das rainhas do axé, com uma legião de fãs fiéis.

A força do axé nos anos 90 também se manifestou na sua capacidade de se adaptar e incorporar novas tendências. A música se tornou mais sofisticada em termos de produção, com arranjos elaborados e influências de diversos gêneros musicais, mantendo sempre a sua essência festiva e a sua forte ligação com a cultura baiana.

A Influência do Axé Além da Música

A história completa da música axé em Salvador, Bahia, vai além das paradas de sucesso e dos trios elétricos. O axé music influenciou a moda, a dança e o comportamento de uma geração. As cores vibrantes, os penteados ousados e os figurinos chamativos associados aos artistas de axé se tornaram tendências. A dança, com seus movimentos sensuais e energéticos, também se popularizou, tornando-se parte integrante da experiência axé.

O gênero também teve um impacto significativo na economia de Salvador e do estado da Bahia. O Carnaval de Salvador, impulsionado pelo axé, tornou-se um dos maiores eventos turísticos do país, atraindo milhões de pessoas e gerando empregos e renda. A indústria musical em torno do axé, incluindo a produção de shows, a venda de discos e a criação de novos talentos, movimentou a economia local.

A Evolução e a Adaptação do Axé

Ao longo de sua trajetória, o axé music demonstrou uma notável capacidade de se reinventar. Mesmo com o surgimento de novos gêneros musicais no Brasil, o axé conseguiu manter sua relevância, absorvendo novas tendências e influências sem perder sua essência vibrante. Artistas contemporâneos continuam a explorar novas sonoridades, misturando o axé com o funk, o sertanejo, o eletrônico e outros ritmos, garantindo a sua vitalidade.

A capacidade de adaptação do axé é um dos seus maiores trunfos. Ele soube dialogar com as mudanças no mercado musical, nas plataformas de streaming e nas formas de consumo de música, mantendo-se presente no imaginário popular e nas festas de todo o país. A cada Carnaval, o axé ressurge com força total, renovando sua energia e conquistando novas gerações.

O Legado Duradouro do Axé Music

A história completa da música axé em Salvador, Bahia, é um testemunho da riqueza cultural da Bahia e da força da música em expressar e celebrar a identidade de um povo. O axé transcendeu o status de gênero musical para se tornar um fenômeno cultural, um símbolo de alegria, resistência e criatividade.

Salvador, a cidade que deu vida ao axé, continua sendo o epicentro desse movimento. A energia que emana das ruas de Salvador durante o Carnaval, embalada pelos acordes e pelas batidas do axé, é uma prova viva do seu legado duradouro. O axé music não é apenas uma lembrança de um passado glorioso, mas uma força viva que continua a evoluir e a inspirar, mantendo acesa a chama da alegria e da cultura baiana.

Conclusão: O Axé, Eterno Ritmo de Salvador

A jornada do axé music, desde suas raízes afro-brasileiras em Salvador até sua consagração como um dos gêneros musicais mais populares do Brasil, é uma história de inovação, paixão e celebração cultural. Luiz Caldas, Daniela Mercury, Ivete Sangalo, Claudia Leitte, Olodum e tantos outros artistas moldaram um som que se tornou a trilha sonora da alegria e da identidade baiana, ecoando por todo o país e além das fronteiras.

O axé music é um patrimônio vivo da Bahia, um gênero que se reinventa, mas que jamais perde sua essência vibrante e sua conexão com a alma de Salvador. A sua história é um convite para celebrar a música, a cultura e a alegria que emanam da capital baiana, um ritmo que continua a pulsar forte e a inspirar gerações.

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